As notas do FC Porto-Benfica: Velhos hábitos contra águia diferente

Azuis e brancos venceram com justiça novo Clássico, contra um Benfica que se apresentou de forma diferente do jogo da Taça. Ainda assim, e muito por culpa da expulsão de André Almeida, a derrota acabou por cair para o lado do clube da Luz.


Vira o disco e toca o mesmo. Esta é a expressão que se aplica na perfeição ao que se passou na última noite no Estádio do Dragão. Volvida uma semana após o encontro da Taça de Portugal, o FC Porto voltou a vencer o Benfica, desta feita por 3-1, triunfo que começou a ser construído na primeira parte.

Quando se esperava que o Benfica se apresentasse em jogo algo fragilizado fruto das muitas mexidas nos últimos dias, com a saída de Jorge Jesus e a entrada de Nélson Veríssimo, a verdade é que os encarnados mostraram uma cara completamente diferente de há uma semana, até no sistema tático.

Com o novo treinador no banco de suplentes, houve cinco peças que entraram em relação ao jogo da semana passada, mas também uma aposta num esquema de 4x4x2, abandonado a linha de três centrais utilizado por Jorge Jesus e que foi facilmente contornada pelos portistas na quinta-feira da semana passada. Já Sérgio Conceição, de volta ao banco, apostou em Pepê, que rendeu o colombiano Luis Díaz, e Fábio Vieira, numa decisão que se viria revelar a certeira.

Explicadas estas mudanças, é preciso dizer que esta partida teve uma história inicial completamente diferente da que ocorreu na semana passada. O jogo começou muito equilibrado nos primeiros 20 minutos. Embora os azuis e brancos tenham demonstrado, desde cedo, maior vocação ofensiva, as águias responderam com uma entrada mais consistente, controlando bem as investidas do adversário, e procurando sempre o contra-ataque.

O FC Porto tinha tido duas iniciativas de Fábio Vieira e Pepê que não deram em nada, e à primeira grande oportunidade dos encarnados, Everton acabou por desperdiçar. Yaremchuk combinou com o brasileiro, mas este acabou por falar o alvo na altura do remate.

Os azuis sentiram esse calafrio e acabaram por crescer ofensivamente. Percebendo que o jogo estava fechado a meio-campo, a equipa de Sérgio Conceição optou por explorar as lacunas nas alas, onde as águias mostraram claras dificuldades, e foi por aí que surgiram os dois primeiros golos quase de rajada. Primeiro por Fábio Vieira, depois de uma rápida reposição de bola em jogo, patrocinada por uma boa reação de um apanha-bolas portista, e depois por Pepê, que já tinha visto um golo ser-lhe anulado por oito centímetros.

A fechar a primeira parte, o Benfica, que ficou claramente desestabilizado com este dois golo seguidos, Yaremchuk disparou para uma grande defesa de Diogo Costa, e o mesmo ucraniano viria a estar em destaque no início do segundo tempo. Os encarnados entraram a todo o gás no segundo tempo, e reduziram a vantagem pelo dianteiro logo após o reatamento, numa jogada muito simples, à semelhança do que o FC Porto tinha feito antes.

O jogo estava relançado e o estado anímico dos encarnados mudou porque, pela frente, estava apenas um golo que poderia dar o empate. No entanto, e num lance totalmente desnecessário, o capitão André Almeida acabou com esse embalo, depois de ser expulso por uma entrada sobre Otávio.

Apesar desta contrariedade, os encarnados causaram sobressaltos à defesa portista, e podiam mesmo ter chegado ao empate por Gonçalo Ramos, mas o remate do avançado português teve um corte providencial de Zaidu praticamente em cima da linha de golo. Só que, e à semelhança da primeira parte, este susto teve o condão de alertar o FC Porto, que, pouco depois, acabaria mesmo por chegar ao terceiro no encontro.

Nélson Veríssimo tinha acabado de fazer uma tripla substituição, com o objetivo de dar mais combustível à equipa para os minutos finais, quando Taremi colocou um ponto final no jogo, mas também na seca de golos que vinha tendo há 11 jogos. Os encarnados bem insistiram nos minutos finais, mostrando uma atitude nada derrotista, mas não já tiveram fôlego para evitar nova derrota no Estádio do Dragão.

O jogo foi novo, a história também, mas os portistas mantiveram o hábito de vencer o Benfica que, diga-se de sua justiça, foi bem diferente de há uma semana. A liderança de FC Porto e Sporting fica a sete pontos de distância, e será preciso um milagre para os encarnados ainda serem campeões. Na memória está a recuperação fantástica de Bruno Lage em 2018/19, mas, na altura, estava apenas um adversário na liderança, ao contrário desta época.

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